feeling good (5)

Esborrachou a sua face contra a almofada, cheirou os lençóis e suspirou. Com um piscar de olhos adormeceu. Mergulhou num profundo sono. Tinha sobre o seu pescoço, um pêndulo em forma de coração feito de cristal, que aparentava uma imensurável fraqueza. Descalça, andou sobre o mar, como se este, tivesse congelado, denso e firme. O seu corpo, pintado de branco, era leve como o pólen da Primavera, a gigantesca flor que trazia junto à sua orelha girava ao ritmo daquela brisa quente. Desmaiou. Deixou cair aquele pedaço de cristal, aquela coraçãozinho mole e indefeso desfez-se em pedaços. Que estrondo! Uma peça tão pequena a provocar aquele assombroso estrondo! Acordou. Estava a sonhar. Olhou em redor do seu quarto, e foi direitinha à janela. Encontrou uma pedra e o vidro da sua janela em 20 cacos. No meio daquela balbúrdia, encontrou um xisto. Sim, esta rocha metamórfica tão comum e dona de uma beleza práticamente inexistente. Alguém o tinha atirado contra a janela do seu quarto. Espreitou, com a esperança de ainda ver esse "Alguém", mas só viu a lua cheia que iluminava o seu quartinho em tons de neve. Guardou-o na sua caixinha de bijutarias e voltou a adormecer.