feeling good (4)

Fechou o seu livrinho e seguiu para casa. No caminho, encontrou uma pequena criança corada e de cabelos loiros com um arco azul esverdeado no seu colo. Estava a olhar o horizonte. Achou estranho tamanha admiração vinda de uma criança tão nova. Os olhos azuis esbugalhados não saíam do horizonte. Estavam colados.Coladinhos ao céu. No meio de tanta admiração, aproximou-se e perguntou:
- É lindo não é?
A menina sem largar o olhar daquele belo plano de fundo responde:
-Já foi lindo, agora é só infinito. Fico triste por saber que é algo que não posso tocar, sentir com os meus dedinhos. O horizonte foge sempre de mim.
-Oh, querida! O horizonte é algo inexplicável. É verdade, não o podes sentir, mas se calhar é por isso que o faz ser tão especial. Suponhamos que fosse algo alcancável? Perdia o seu interesse. (Colocando a mão sobre o peito frágil da menina) Sinto-o a bater tanto... Vês como o horizonte se faz sentir, sem ser preciso que lhe toques?
A menina sorrindo:
-Ele é sensivel. O teu já bateu assim? Acredito que sim! Toma é para ti! (Oferecendo o seu pequeno arco como uma ingénua recompensa) Guarda-o com o teu coração!
E correu. Correu para o horizonte.
Ela não sabia o que se tinha passado ali. Mas sentiu-se bem. Muito bem! Olhou o arco, admirou tal perfeição. Um circulo perfeito. "Não há nada tão perfeito como um circulo", pensou. Ela sentiu que aquele arco significava algo.Algo que no futuro fosse descobrir. Colocou-o ao ombro e seguiu o seu caminho até casa.